À FLOR DA ÁGUA
O pincel, prenhe de uma grande provisão de líquido (como uma mulher grávida),impregna o papel com as cores da ecoline, celebra a natureza, a alegria, a beleza.
O cloro, ao contrário, desmancha essas cores, transborda e devora a tinta, atravessa à vontade a imagem, muda de direção de forma inesperada. Como a morte.
Os dois líquidos criam seus próprios contornos, inventam imagens com linhas flutuantes, deslizam no papel com um ritmo próprio.
A série, a citação, a repetição não impedem a singularidade de cada uma. desaguam no papel afogadas na amplidão da memoria de outras flores (em óleo, em aquarela), dos inúmeros quadros de flores da história da arte.