NINFAS CONTEMPORÂNEAS

A imagem da ninfa, semideusas envoltas em véus transparentes, cabelos soprados por uma brisa imaginária, atravessa a História da Arte, como destaca Didi-Huberman em “Ninfa Moderna: essai du drapé tombé” . A ninfa percorre os sarcófagos antigos, os quadros do Quattrocento Fiorentino, as esculturas barrocas e as fotografias contemporâneas. Ela passa, fluida e misteriosa, em sincronia sutil com os movimentos da alma.

Com a “queda da aura”, como ensina Walter Benjamim, os drapeados e os outros “acessórios em movimento” da ninfa descem dos quadros da Renascença e dos altares barrocos em direção do solo, da sarjeta, dos fatos diversos dos jornais.

Neste trabalho, fotografo sacos de lixo, refugo de material de construção, dejetos regurgitados pela cidade. Uma estética inquietante, mas que reflete bem nosso desencanto contemporâneo.