POR ACASO, NO MARANHÃO

Neste meu projeto, encostei o celular em modo panorâmico na janela do ônibus que levava o nosso grupo de fotógrafas até Barreirinhas, no Maranhão. O acaso criou paisagens sem encadeamento lógico, levando em conta o aleatório, o fortuito, o acidental. Abri mão, em um primeiro momento, da intenção de fotografar as ruas de Barreirinhas e as paisagens dos Lençóis. O celular dobrou muros, distorceu a areia, retalhou pessoas, comprimiu barcos e cortou letras do cartaz de um Mercadinho… Em um segundo momento, retomei o controle, escolhendo, cortando, enquadrando ou simplesmente apagando a imagem. Essas fotografias não são o resultado de uma intenção autoral e de uma técnica exigente, mas vieram de um jogo entre controle e descontrole conscientes. Podemos considerar, como muitos fizeram, esses acidentes como parte inicial de um processo artístico: aceitar o novo, conversar com outras forças criativas, deixar o acaso acontecer.