SOBRETUDO, CATA-VENTOS

Sobretudo, procurem os desenhos de Peter Greenaway, “100 Moinhos de Ventos”, que serviram de ponto de partida para meu trabalho. Posteriormente, desenhei a cerâmica do artista campineiro Afrânio Montemurro. Tentei dar movimento a esse desenho e percebi, mais tarde, que lembrava um cata-vento. Resolvi, então, explorar esse motivo, desenhando, fotografando e imprimindo essa forma em papel, por meio de uma pequena prensa e de moldes em papelão, linóleo e madeira. Em seguida, procurei desenhos já prontos, não no portfólio em que guardo meus trabalhos considerados terminados, mas, sobretudo, nos outros, nos “portfólios dos desenhos esquecidos”; no “dos que foram guardados para serem melhorados ou modificados” e “dos que, positivamente, falharam, mas que não tive ainda tempo de jogar fora”. Foi sobre todos esses trabalhos “marginais” que passei a imprimir meus cata-ventos, no rastro dos desenhos de Greenaway. E o nome da série surgiu facilmente: “Sobretudo, cata-ventos”.

Mas cata-ventos sem eixos fixos, mudando constantemente, apontando para várias direções ao mesmo tempo, ou nos “direcionando” sempre para o Sul, já que, nos dias atuais, perdemos o Norte. Às vezes, param, são mais compreensíveis, dão um tempo… mas o tempo muda e eles voltam a girar.