AS CORES DA MEMÓRIA

Estamos, em nossos dias, acostumados a processar imagens rapidamente. Aquelas que não nos seduzem em poucos segundos são abandonadas e substituídas, em seguida, por outras, mais imediatas, mais diretamente ligadas aos nossos interesses do momento.

Esse conjunto de caixas em acrílico exige que desaceleremos esse processo, que aceitemos que decorra um lapso de tempo entre a visão e a atribuição de um significado, no caso, atribuição de cores. A cor está ausente e presente ao mesmo tempo; não a vemos literalmente, mas ela nos assombra e emerge como um flash na memória.

O intervalo no tempo é essencial para acessarmos nossas lembranças, desafiarmos nosso repertório artístico, utilizarmos os nomes gravados como ganchos que pescam cores e as espalham sobre as caixas.

 Muitas vezes a expectativa do artista, anunciada no titulo, não se concretiza e o espectador apressado deixa a obra incompleta, descolorida, morta. É necessário abandonar a transparência do acrílico e denunciar as diversas cores e formatos arquivados na memória pelo nosso amor à história da arte.